
Redação Rio Alerta
Funcionários e familiares de pacientes internados no Hospital Federal do Andaraí, interditado desde a última segunda-feira pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), se reúnem na tarde de hoje para debater a situação da unidade.
Segundo o órgão, superlotação, falta de médicos e leitos, além de setores fechados, foram determinantes para a interdição ética do hospital. Apenas casos considerados graves serão atendidos. Durante a última vistoria, ocorrida no dia 20 de abril, o conselho constatou que 17% dos leitos estavam inativos.
Embora reconheça que o setor de Emergência necessite de cuidados, o Ministério da Saúde diz que está se esforçando para atender toda a população. Dos 302 leitos da Emergência, 50 estavam bloqueados.
Segundo o Cremerj, desde 2013, ano em que foi demolido, o setor vem funcionando em local improvisado, no prédio dos ambulatórios. Já no setor de Hipodermia, onde pacientes fazem a medicação, foi constatado que não há médicos à noite e nos finais de semana. Ainda de acordo com a vistoria, por meio da análise dos prontuários, foi possível identificar que há falta de visitas de rotina diárias por parte dos médicos.
Além disso, as enfermarias de cardiologia e pneumologia foram extintas e dos 15 leitos do CTI, apenas dez estavam ativos.
A falta de profissionais é apontado como um dos maiores problemas do hospital. De acordo com o Cremerj, uma Emergência com o porte do Hospital do Andaraí deveria funcionar com, no mínimo, seis clínicos, quatro ortopedistas, cinco anestesiologistas, dois neurocirurgiões, quatro cirurgiões gerais, quatro pediatras e um cirurgião vascular.
No entanto não foi o que os fiscais encontraram. Na unidade, os plantões são realizados por dois clínicos. Nos domingos, há apenas um médico clínico (chefe de equipe) escalado para o plantão da emergência à noite.
Também não há neurocirurgião nos períodos diurno e noturno. A equipe de cirurgia vascular também está desfalcada e urologistas estão presentes apenas em alguns dias da semana.
Segundo a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Trabalho e Previdência (Sindsprev-RJ), Maria Celina de Oliveira, o hospital tem sofrido com o sucateamento. "Há uma semana, não havia dipirona.
Até água filtrada para dar remédios aos pacientes já faltou. A maternidade entrou em obras há 10 anos e nunca mais foi reaberta", lamenta Celina.
De acordo com o Ministério da Saúde, o hospital funciona com mais de 100% da sua capacidade operacional considerando que é o único serviço de média e alta complexidade da região.
Por ano, a unidade presta 50 mil consultas e realiza 7 mil internações.
A estimativa é que 327 mil pessoas sejam prejudicadas pela interdição. Além do Andaraí, o hospital recebe, principalmente, moradores da Tijuca, Vila Isabel e Grajaú.
Em nota, a pasta informa que não houve fechamento da porta de entrada da Emergência e que está em curso um processo para contratação de recursos humanos.
Já em relação ao abastecimento de medicamentos e insumos, o ministério diz que mantém-se regular.


